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Live reforça chamado: GREVE SANITÁRIA é o caminho para proteger a saúde e a vida de todos. Sinteps cobra respostas da Superintendência

“Na minha opinião, não é hora de reabrir escolas e nem marcar carnaval.”

A frase, citada pela presidente do Sinteps, Silvia Elena de Lima, na abertura da live realizada em 16/7, não é de nenhum sindicalista ou trabalhador assustado com a pandemia. É do renomado médico e neurocientista Miguel Nicolelis, docente da Duke University (EUA).

A pressão do governo Doria pelo retorno das aulas presenciais a partir de 2/8 – reproduzida no Centro com a conivência da Superintendência – foi o tema central da live.

A presidente do Sindicato teceu severas críticas à Superintendência, que abre mão da autonomia que o Centro tem, na qualidade de autarquia de regime especial, para impor um retorno quando a pandemia ainda segue descontrolada, colocando em risco a vida de professores, funcionários administrativos, estudantes e familiares.

“Em agosto, a variante Delta deve estar mais disseminada ainda”, alertou Silvia, em referência à cepa indiana que, segundo especialistas, já está em disseminação comunitária no Brasil. “Ainda que os números de óbitos e casos tenha caído um pouco nas últimas semanas, o espalhamento desta cepa, que é mais contagiosa que as anteriores, mantém a pandemia fora de controle”, reforçou. No intertítulo “De volta a Nicolelis” (mais adiante), leia mais dados sobre isso.

O vice-presidente do Sinteps, Renato de Menezes Quintino, também destacou um dado preocupante e que é minimizado pelo governo Doria ao estabelecer seu “plano” de retorno para 2/8: o aumento do número de casos entre crianças e jovens. Segundo reconhece a própria nota técnica que acompanha o Decreto 65.849, de 6/7/2021, elaborada pelo Centro de Contingência que assessora o governador em relação à pandemia, o percentual de casos (no estado de SP), na faixa etária entre 10 e 19 anos, é de 6,1% do total (portanto, cerca de 231 mil casos até este momento). Dados posteriores à realização da live, divulgados pelo Portal UOL em 20/7, apontam que a morte por Covid-19 é a principal causa de óbitos por causas naturais na faixa de 10 a 19 anos, nos primeiros seis meses de 2021 (1.581 casos no país), superando outras doenças, como câncer, problemas renais etc. “Isso mostra que o risco é grande para todos na comunidade acadêmica. Vamos compactuar com esse retorno genocida, professora Laura, governador Doria?”, questionou Renato.

“Penamos para nos adaptar às aulas remotas e ao teletrabalho, inclusive comprando equipamentos e móveis pagando do nosso bolso... e agora o governo decide que devemos retornar em meio à pandemia sem controle. Não podemos colocar nossas vidas e as dos nossos familiares em risco. Só devemos voltar com a garantia de cumprimento dos protocolos sanitários e com a pandemia sob controle”, reforçou a presidente do Sinteps, referindo-se à opinião de renomados infectologistas. De acordo com eles, além da vacinação em patamares elevados (acima de 70% da população), é preciso atentar para os seguintes indicadores: 

  1. Redução da transmissão comunitária: menos de 100 casos novos por dia por 100.000 habitantes, nos últimos 14 dias.
  2. Taxa de contágio: menor que 1 (ideal 0,5) por um período de pelo menos 7 dias.
  3. Disponibilidade de leitos clínicos e leitos de UTI: na faixa de 25% livres.
  4. Capacidade para detectar, testar (RT-PCR), isolar e monitorar pacientes/contactantes: diagnosticar pelo menos 80% dos casos no município ou no território. 

Renato lembrou que o Sinteps está entre os poucos sindicatos no país que conquistou o direito ao teletrabalho para ampla maioria dos trabalhadores que representa, do início da pandemia até hoje, com exceção dos serviços estritamente essenciais. “Vamos colocar tudo isso a perder porque o governador decidiu que é hora de retornar as aulas presenciais sem nenhuma segurança?”

 

Perguntas e angústias

O Sinteps recebeu muitas perguntas direcionadas aos expositores da live, em sua maior parte relativas ao retorno presencial. As questões abordam problemas dos mais diversos relacionados à pandemia: segurança sanitária de trabalhadores e estudantes, fornecimento de EPIs adequadas, estrutura das unidades, organização pedagógica das atividades (o docente terá que trabalhar em dobro, dando a mesma aula presencial e remota?), entre muitas outras.

As dúvidas foram respondidas tanto pelos membros da Diretoria Executiva do Sinteps, presentes à live, quanto pelo advogado da entidade, Augusto Bonadio. Assista a íntegra da live em https://www.youtube.com/watch?v=2NqEoGWFxl4

 

Ofício à Superintendência

A Diretoria Executiva do Sinteps redigiu um novo ofício à Superintendente do Centro, professora Laura Laganá, contendo as principais dúvidas expostas na live e cobrando respostas objetivas. Trata-se do Ofício Sinteps 11/2021, que você confere aqui.

 

GREVE SANITÁRIA: Como proceder

Durante toda a live, os dirigentes do Sinteps reforçaram o chamado à GREVE SANITÁRIA como única forma de preservar a segurança e a vida de todas e todos.

Frente à pressão para o retorno às aulas presenciais em agosto, sem que a pandemia esteja sob controle (números em queda, taxa de contaminação menor que 1, tempo de segurança após segunda dose da vacina nos profissionais de educação, maior parte da população adulta imunizada) e condições estruturais adequadas (ventilação, fornecimento de EPIs etc.), a orientação do Sinteps é pela ampliação da GREVE SANITÁRIA. Ou seja, os trabalhadores do Centro devem recusar o trabalho presencial e seguir no remoto.

É importante conversar com os colegas sobre a proposta, para uma adesão coletiva. Crie grupos de Whatsapp com esse tema e, após decidirem, informe o Sindicato por e-mail, para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Tomada a decisão, cada trabalhador deve baixar a declaração de adesão à greve, preenchê-la e enviá-la à direção da unidade, com cópia para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

Importante: Caso a direção da unidade informe a intenção de anotar faltas para os trabalhadores que seguirem em trabalho remoto, a orientação do Sindicato é pela paralisação integral das atividades. Isso é necessário para que, passada a greve, o Sindicato negocie o pagamento dos dias parados, reposição do trabalho etc., como tem feito em todas as greves anteriores da categoria.

 

De volta a Nicolelis

“Eu ainda não compartilho com essa lufada de otimismo usada por gestores como justificativa para relaxar as poucas medidas de isolamento ainda vigentes”, pontuou o cientista Miguel Nicolelis, citado no início desta matéria, sobre a queda da média de casos e mortes nas últimas semanas. Perguntado sobre o porquê, ele responde: “A resposta tem nome e sobrenome: variante Delta” (Jornal Correio Braziliense, 18/7/2021), diz Nicolelis, em referência à cepa surgida na Índia e que, hoje, presente em mais de 100 países, é responsável pelo crescimento de casos no Reino Unido Holanda, Estados Unidos e mesmo em países que se deram muito bem nas primeiras duas ondas, como Vietnã e Indonésia.

Ainda que a média móvel venha caindo, ele ressalta que os atuais números desta média são idênticos (considerando casos novos por dia) ou mesmo superiores (mortes por dia) aos observados em julho de 2020, pico da primeira onda.

No caso de Reino Unido e EUA, o crescimento atual se deu a despeito destes países terem chegado à marca de 50% da população totalmente imunizada. No Brasil, onde 42% receberam a primeira dose da vacina e apenas cerca de 15% foram imunizados com duas doses, já existem relatos de transmissão comunitária da Delta em vários estados. “Registre-se que ela é pelo menos 60% mais transmissível do que as cepas originais que causaram a pandemia”, alerta o cientista.

Em 19/7, data de fechamento desta matéria, os números da tragédia sanitária no Brasil mostram um total de 542 mil mortos e 19,4 milhões de casos. No estado de São Paulo, são 135 mil óbitos e 3,94 milhões de casos.

 

# fatecpresencial2022 - Estudantes de FATECs promovem petição online

Estudantes de FATECs criaram uma petição online para repudiar o retorno presencial marcado para 2/8. Eles argumentam que a maioria dos alunos, formada por jovens entre 18 e 23 anos, ainda não terá sido imunizada nem mesmo com a primeira dose. Eles convidam alunos, professores e funcionários das FATECs, bem como seus familiares, a apoiar essa causa:

https://secure.avaaz.org/community_petitions/po/centro_paula_souza_secretaria_de_desenvolvimento_e_nao_a_retomada_das_aulas_presenciais_nas_fatecs_sp_em_agosto_de_2021/?fpla 

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Chat da live expôs apreensão e revolta com retorno presencial

Se você não conseguiu acompanhar a live ao vivo, assista à gravação disponível no Youtube pelo link https://youtu.be/2NqEoGWFxl4. Durante a atividade, houve uma expressiva interação no chat do Youtube, com manifestações de preocupação e indignação por parte de professores, administrativos e estudantes. Acompanhe algumas: 

“​Os profissionais trabalham muito mais do que antes, atendemos alunos fora do horário de trabalho, até aos finais de semana.” 

“Nos laboratórios não há limitação de alunos. Ministro aulas em laboratório de informática, com dois alunos por máquina, em distância de menos de um metro entre eles.” 

​“Sobre o distanciamento: o decreto não prevê limite para aulas laboratoriais e práticas. Ou seja, se for aula prática pode ir 100% do efetivo. Um absurdo.” 

“É o teatro dos protocolos de segurança.” 

​“O Centro não assume a sua autonomia. Tudo está na mão do Sr. Rossieli e da secretária de Gestão, Patrícia Ellen.” 

“Por que não é divulgado que o aluno não é obrigado a voltar?” 

“A Internet da unidade é precária, a Intragov não supre o setor administrativo, imagina dar conta de aula online com webcam.” 

​“As pessoas precisam se deslocar, compartilhar salas, equipamentos, se alimentar.” 

“E quem convive com pessoas com comorbidade que não foram vacinados com as duas doses?” 

​“Esse retorno agora está errado de qualquer modo. Não tem como. Muitos alunos, se forem obrigados a voltar, vão trancar o curso.” 

“O gestor público poderá ser responsabilizado por fatores derivados desta decisão. Imprescritibilidade dos atos na gestão pública, logo, o retorno ao arrepio de um estudo, vai ter consequências.”