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Ameaças às escolas: Algumas reflexões e a necessidade de fortalecer as escolas e a educação! Governo federal divulga canal direto com a comunidade

Quando as notícias sobre a tragédia na Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste de São Paulo, em que uma professora foi morta a facadas por um aluno de 13 anos, ainda nos enchiam de horror, um novo fato estarreceu o país. No dia 5/4, em Blumenau, um homem de 25 anos, armado com uma machadinha, saltou o muro de uma creche e assassinou quatro crianças.

Para terror de pais, crianças, jovens, educadores e do conjunto da sociedade, estes terríveis fatos deram início a uma onda de ameaças em escolas de todo o Brasil. Desde então, não foram poucas as vezes em que aulas foram suspensas, alunos, professores e funcionários dispensados, inclusive em várias unidades do Centro Paula Souza.

No dia 12/4, a instituição lançou um comunicado (clique para conferir), com “orientações para as supostas ameaças de ataques às escolas”. Nele, a superintendente, professora Laura Laganá, informa que procurou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e encaminhou todos os endereços das unidades de ensino, solicitando reforço de policiamento, apontando aquelas que haviam recebido ameaças. Ela também relata o agendamento de uma reunião, em 14/4, com membros da SSP. O documento dá orientações às equipes gestoras, professores, funcionários e estudantes sobre como agir nestes casos.

O ocorrido na capital paulista e em Blumenau, assim como os demais casos no Brasil e em outros países, carece de qualquer explicação lógica, e certamente demandará análises de especialistas da educação e das ciências voltadas às doenças psíquicas. 

Para além da reação ao bullying, por certo são muitos os fatores que impulsionam estas tragédias, entre eles: o estímulo e a disseminação do ódio, o culto à violência, a apologia ao uso de armas, o fomento à discriminação e à perseguição das minorias. A espantosa evolução tecnológica dos últimos 20 anos transformou crianças e jovens em nativos digitais, navegantes permanentes num ambiente virtual em que proliferam grupos extremistas, adeptos do neonazismo, da homofobia, do machismo, da xenofobia, da veneração às armas. Não por acaso, os casos aumentaram na mesma proporção em que esses ingredientes ganharam expressão e legitimidade no cenário nacional nos últimos quatro anos.

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A professora Andréa Serpa, da Universidade Federal Fluminense (UFF), chama a atenção para as “saídas fáceis” que começam a surgir, como o apelo para a presença de polícia armada nas escolas. Em artigo divulgado no site da instituição, ela aponta: “Não é solução, de forma alguma, transformar escolas em presídios, encher escolas com gente armada, transformar professores em pistoleiros. Solução é caçar impiedosamente todas as células nazi/fascistas, criar leis muito mais severas para incitação ao ódio e punições ainda mais severas para as fake news, e investir pesadamente na educação das novas gerações para que cresçam sabendo que o nazi/fascismo é um projeto inadmissível, que corrói nossa civilidade e humanidade. Polícia para quem precisa de polícia: ou seja, os criminosos.”

Na mesma linha, o advogado Rodrigo Mondego, mestre em Políticas Públicas e procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, chama a atenção para outra faceta do discurso policialesco. “Já tem prefeituras pretendendo contratar segurança privada e comprar detectores de metal, sem licitação. E não tem nem zeladores e inspetores escolares na maioria de seus colégios. Tem escola que não tem nem papel higiênico. Os corruptos e milicianos querem lucrar com o pânico.”

Fortalecer as escolas e a educação

O Sinteps junta-se às muitas entidades educacionais (Apeoesp, CPP, Afuse e outras) que chamam a atenção para medidas que podem ser tomadas pelo governo estadual para impedir ou minimizar a ocorrência de tragédias como essas. Entre elas, a recomposição dos quadros de funcionários das escolas – não com pessoal terceirizado, mas sim com trabalhadores concursados –, a contratação de profissionais de apoio (como psicólogos), a promoção de atividades e campanhas de conscientização na comunidade escolar, entre outras. Nas ETECs e FATECs, a falta de funcionários é gritante.

Atenção ao link do governo federal

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com SaferNet Brasil, criou um canal exclusivo para recebimento de informações de ameaças e ataques contra as escolas. https://www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura